quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Do Amor à Esperança

Ora, na verdade, há experiências que realizam mais do que outras é certo. Mas, com verdade, pondo os olhos na nossa realidade, podemos abraça-la com amor. Seja como for. Ainda que não seja nada óbvio. E não é nada óbvio! Assim como também não é nada óbvio abraçar uma cruz com amor. Isto dá que pensar! Temos a prova de alguém que sendo como nós, teve a Sua realização plena pregado numa cruz. E foi daí que brotou vida. Dá-se a ressurreição e nasce tão simplesmente a igreja, da qual temos o privilégio de ter chegado até nós… veja-se bem, quanta esperança põe Deus na fragilidade, no que é pobre, no que é precário…




Hoje de manhã vinha a ouvir uma música que dizia: “Vou-te mostrar que as árvores riem pra ti, Vou-te mostrar que as estrelas dão sinais de si, Vou-te mostrar que o sol te aquece e te abraça, E que tudo não passa do saber viver e contemplar”. Acho que é isto a esperança. Por um sorriso na cruz. É o amor que vence a morte e não o contrário. A morte e todas as mortes em nós, do que é tristeza ao que é frustração, do que é tibieza ao que é egoísmo. E a música continuava “olha à Tua volta e pensa em Deus, Aquele que deu tudo e tudo aos seus, Entrega-lhe o teu estar  o teu olhar, E sem o reparares Ele vai-te abraçar, Vai-te ajudar”.. É isto! Tudo não passa do saber viver e contemplar. Se virmos bem à nossa volta há já tanto de premissas do reino pleno de Deus, perto do dia em que Ele será tudo em todos! Hás-de reparar… é daqui nasce a esperança.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Correr bem / Correr mal


Correr bem ou correr mal. O que acontece, é bom ou é mau? Curiosamente, acho que esta adjectivação somos nós que a fazemos. Tudo depende se vai de encontro com a nossa vontade/necessidade ou não. É a bitola que usamos. Todavia, o que para uns é mau, para outros é experiência de edificação, de liberdade, de céu. Ao invés, o que para uns é bom, para outros é uma experiência de desintegração, divisão, de inferno. A questão expõe-se portanto subjectivamente, porque objectivamente nada é bom ou mau. Tudo depende como nos colocamos perante o que acontece.


Deus “não está” nas coisas. Quanto muito está ”por dentro das coisas”. Não faz por isso sentido dizer: “como é que Deus deixou que isto acontecesse?”. Assim estamos a coloca-lO fora do acontecimento e Ele não está fora, não está no acontecimento em si, mas sim por dentro dele. Não é vontade de Deus que aconteça isto ou aquilo, como se de um titeriteiro se tratasse. Não opta entre que hoje chova e amanhã faça sol. Deus intervém, mas não interfere. É um mistério. Mistério, não por ser incompreensível mas por ser de infinito conhecimento não atingível no seu todo por nós. Não se esgota. É uma bela razão para não acreditar, pois desejaríamos muito mais que Deus fosse feito à nossa medida do que termos que ser nós a fazermo-nos à medida d´Ele. Preferíamos quase que vender a nossa liberdade para que Ele tudo fizesse por nós. E faz! Mas faz pelos máximos, e não pelos mínimos.

Por opção, nada pode contra a nossa liberdade. É a expressão máxima do Amor. Se quisermos, podemos negá-lO inclusivamente. E quanto a isto o todo poderoso em Amor, por opção, nada pode fazer. Assim, a vontade de Deus para cada um não está no que lhe acontece ou deixa de acontecer, mas sim no modo como agimos a partir da nossa liberdade. E aí, a vontade de Deus é que sejamos outro Cristo. Sejamos a Sua imagem e semelhança, e isso nos libertará.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Para-bens


O dom da vida. Acho que a vida é isto mesmo, um dom que nos é dado, com o propósito de com ele nos direccionarmos para o Bem. Para-os-bens. Não pelos bens em si mesmos, como se o que é material fosse o fim ultimo da nossa existência. Não nos esgotamos na matéria mas antes nos prolongamos nela e através dela.
A vida. Para-os-bens, de tudo quanto nos relacionamos. Um dom que nos é confiado para dele desfrutarmos e crescermos em dádiva, à imagem e semelhança do próprio Deus que é todo poderoso em Amor. Em dar-se por inteiro. A vida é uma oportunidade. Oport-unidade. Dever-de-unidade. O mesmo é dizer que a vida é para o Bem. Só o Bem nos une de fundo. Só o Bem nos coloca em comunhão. Comum-união. A partir daqui podemos ser verdadeiramente chamados filhos do Altíssimo. A vida é um lugar de beleza. Ressoam as palavras do Papa Bento aquando da sua visita a Portugal: "Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas em lugares de beleza…Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da Sua presença e da sua amizade gratuita, generosa, fiel até à morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a todos, a começar pelos vossos conterrâneos. Dizei-lhes que é belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-Lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível –, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura.”

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Filhos do Pai


É-se filho porque se tem um pai. Não há pai sem filho e nem filho sem pai. Imagine-se o filho, que tem o pai por referência. Concordo com o Pe. Alberto Brito (sj) que diz que “o filho não obedece ao “pai”, imita-o”, e ainda que assim seja, acaba sempre por admirá-lo. Depende do pai. É ele que o educa, que o sustenta, que o vê crescer. Ainda que o pai seja mau sabe dar coisas boas ao seu filho, quanto mais o Pai do céu o fará com os seus.


Veja-se a dignidade que se nos é conferida ao podermo-nos chamar de filhos de Deus! Ser filho de Deus é ser filho da eternidade. É ser filho do Amor. É ser filho do infinito ainda que finitos sejamos. Podemos não obedecer sempre à vontade do Pai, mas reconhecemos nela o sentido profundo da nossa vida. Ele é que sabe. Podemos não obedecer sempre à vontade do Pai, mas sabemos que só esta nos faz crescer, amadurecer, em” sabedoria, estatura e em Graça”. É a sabedoria plena, porque é do Alto, porque é a origem da Graça. Ele é o único que É, total e inteiramente.

A Humildade é a Verdade. Nestas somos invadidos pelos dons do Espírito Santo, pelo próprio Deus, que, depois de esvaziados de nós mesmos, entrará por nós dentro e tudo renova. E é o próprio Deus, o próprio Cristo, que nos diz quem somos e nos lança nesta novidade revestida de profundo sentido da nossa existência: “Quando orardes dizei: Pai Nosso, que estás no céu…”. Obedecer ao Pai é imitá-Lo. Por Cristo, Com Cristo, em Cristo. Sermos filhos no Filho, e aí, tudo faz sentido.