quinta-feira, 31 de março de 2011

De novo

Voltar a ter-te de novo. Renascer contigo a partir do Ser. De faces voltadas de novo. Sentir que me cativas. Que me fazes tornar a viver. Depois do deserto, a terra prometida. Como a avezinha que reaprende a voar, de novo, levanta voo a medo mas confiante que há-de ser capaz. Contigo sou capaz. Não fosse eu mais Eu contigo. Sendo o que És de fundo ajudas-me num mais possível de construtivo. Fico assim mais parecido comigo e tu edificando-me te edificas reafundando a fundo, o fundo que não queríamos ter nunca perdido. Mais água leva o poço quando este está vazio. Toma-me o coração nas tuas mãos. Peço-te. É teu. Nosso. Confesso, que bom termo-nos voltado de novo. Para mim. Para ti. Para nós.

sábado, 26 de março de 2011

Sou-te

Quero agarrar-te sem sentir que me escapas. Saber-te por dentro a ponto de nao precisar de te prender a mim. A ponto de nos pertencermos em liberdade. Saboreando a saudade como tempero do que temos construido. Sermos juntos. Sabermo-nos perto no essencial. Sermos a essëncia no além e no aquém de nós. Lucidez. Sermos lúcidos no que realmente importa. Cuidar do que já se é. Procurar ser o que se deseja em sonhos por ser em nós o onde da possibilidade real dos mesmos. Nao vedar o que se sente de degenerativo. Seria privar uma parte da totalidade que nao é divisivel. Acolho-te na fecunda necessidade de nos termos. Sou-te.

quinta-feira, 17 de março de 2011

humanidade

A humanidade que tens fascina-me. Tão natural, tão eminente. Tão cuidada. Preciosa. Tão nobre a forma como rica no dentro. Feitos da mesma massa. Não és vedeta. És de cá. Como eu. Frio, comichão, fome, má-disposição. Traduzes em beleza o que És. Brio, assertividade, transparência, novidade. Expressas-te em todos os 5 sentidos com o mesmo querer. Atentas-me em cada pormenor. Entregas-Te para mais, pelo bem maior que sempre se busca na comunhão. Comum-união.

terça-feira, 15 de março de 2011

Colo

No colo descanso. Sonho acordado. Manso. Acolhido em braços que parecem um berço de embalar. Respiro tranquilo. Respiro daquilo que desde sempre se procurou cantar, escrever, falar, Ser. Dás-me colo porque me quereres bem. Não há necessidade de ser eu, alguém que não eu. Faz-se perto a distância que nos possa separar, no meio de uma velocidade feroz que tenta fazer de nós, avezinhas confusas em busca do ninho. No colo pareço sozinho, por tanto se interlaçarem aqui, no ninho, o querer maior de uma experiência de céu. O céu, no colo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Agora

Estamos em directo. Não há depois diferente nem futuro equivalente ao ideal dos dias. Não haverá certamente, tempo mais propício que o Agora, para fazer acontecer o que sonhamos ,para aquele depois que nos habita o desejo. Por isto, um dia quando...farei assim e assado? Um dia...hoje não merece o esforço que só parece ganhar sentido num futuro que provavelmente nunca virá por mais depressa que corram o passado e o presente juntos? Não! É-se por opção. Ou não se chegará a Ser, por estarmos sempre à espera do tempo que não prometeu vir.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Todo sem partes


Tudo fica bem quando começa bem. Partir para o dia de bem com ele, comigo, com o que me eleva para o que acordei para ser. Sendo, o mais possível de mim, logo de início, com quem me faz Ser. Simplesmente Ser, o mais de mim. Sem nada para dar, sem nada a receber. Apenas a presença basta para não haver partes para a soma, por ser o todo, um Todo só por si.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Ganha o Silêncio

Por vezes, tento trazer de dentro para fora o que És, cá dentro. Batalha em vão, por ser tão mais que o possível de se dizer, ainda que de dicionário aberto. Ganha o silêncio. Linguagem de quem É, sem precisar dizer alguma coisa para chegar a Ser. No silêncio escuto o que de mais fundo há. No fundo o que de mais fundo És. Quanto mais se vai escavando mais inteiro fico. É o estranho jogo de morrer para ganhar nova vida. Sem prescindir do que sou vou sendo desarmado nesta luta desigual, para que ganhe o que é Maior que eu. Um tanto, ao qual curiosamente, não chego, mas antes, que me alcança.