segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Como Maria

Podemos estar longe. Pode até ser real a distância. Sentir-te perto porque em mim não moras fora, mas dentro. Braços abertos. Desta paisagem, fica a vista deslumbrante, do que és, vendo de fora o tanto que há no avesso. Muito de Deus, muito de humanidade. No fim de contas acontece a quem se deixa vencer pelo que é Maior. Ensinas-me a morrer. Deixar de ser aos poucos o que não nasci para ser. Sermos, a pouco e pouco. Chegar perto do que sonhas para mim. No fundo o que desejo também eu. Um todo que num fundo é meta. Meta para começar. De braços abertos. Como que suspenso. Entre o céu e a terra. Estás fora da cidade. O mundo não se deixa fazer perto. Por mim, num tanto de querer, acolho-te, ainda que te veja assim, de longe. Ternura. A experiência do amor maior que no reverso tem muito de: "mas como será isso se não.. Virá sobre ti o espírito santo..".

sábado, 29 de janeiro de 2011

o milagre da aparição

Os milagres da nossa vida.
Já por si a Existência como um milagre.
Uma realidade que não está acabada, uma experiência envolta de mistério. Tudo está em contínua criação.Eventos há que parecem abrir um parêntesis de eternidade. Chegam a tocar o próprio Deus. Fora do espaço e do tempo mas que se faz Presença bem no dentro da própria humanidade de cada um. Estando atentos, quantos e quantos milagres não vão acontecendo no dia a dia! A própria conversão a que o Amor possibilita em tudo o que se deixa transformar por Este. Não estava previsto. Parece impossível. No mínimo, muito pouco provável. Mas Ele vem. De maneira sempre criativa e revestida de novidade, expurga-nos para algo, que estará algures, mais perto do pleno. Eis se não quando, uma própria aparição que nos possa despertar de dentro para fora o que de melhor temos para dar. Algo que portanto faça a diferença. Não é um simples acontecimento. Este revela-se ímpar. É! O mais possivel cheio de Graça.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Amigos em Cristo

Estar com sem estar. É-se e pronto! Esta-se por meio de Quem de uma forma ou de outra nos apresentou. Já nos conhecíamos antes de nos conhecermos. Já falávamos a mesma linguagem antes de nos darmos à conversa. Confiamos por saber em Quem pomos toda a nossa confiança. Duvidamos como ele duvidou. Mas queremo-nos dar como Quem escolheu Amar até ao fim. Partilha-se o que se é sem ser preciso permissão. A permissão está dada. É todo um mistério. Não um enigma. Mistério porque há todo um horizonte pela frente. Tocamos-lhe com o olhar, tomando uma mesma direcção.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

timmings

Depois isso vê-se.. depois depois depois. Um futuro que nunca chega a ser presente. Acontece com os "cafés pendentes". Acontece com as arrumações domésticas do dentro. Acontece com tudo o que afinal chegaria a ser primeiro se fosssemos nós a todo o momento quem agarrasse cada minuto que também nos pertence mas que deixamos passar como se assim não fosse. Tanto queremos ser donos do tempo como o desprezamos deixando-o no seu adiantar natural. Quem colocou o primeiro tiq-taq a rolar? Dá-me graça pensar nisto. Este 'cronos' que é sempre o mesmo mas que é tão diferente dependendo da experiência. Dá-me Graça pensar que cada um tem o seu tempo próprio. Cada coisa. Ter a liberdade de poder fazer com este 'kyros' um processo individual de crescimento, ou de apatia. Há 'depois' que, se não se tomam como Presente não passaram de um Futuro que nunca chegara a ter Passado.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

trilho..

Quero-me apaixonar ainda mais pelo que é do Alto.E ter a todo o momento saudades de tudo, ainda que não viva dependente das mesmas.Saudades que mais parecem estar para além da normal dimensão, fora do espaço e do tempo. Mas não são só saudades eternas. São também,ternas. Constroem. Serenam. Quero Ser, a partir desta sedução transformadora.Dar o sentido maior a todas as coisas. Ir ao 'fundo do baú'!Ser o que ainda não sou de completo,escutando confiante, ainda que assustado, o que vem la do dentro e me impele a esse 'trilho desconhecido', que curiosamente me da vida.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Castidade..

Castidade. Amar sem querer ter. Sem me prender ao outro. Sem deixar que o outro dependa de mim. Virtude dificil esta de aplicar em todas as nossas dimensões. Em todo o tipo de relações. Ora se quer possuir para obter dai maior segurança, ora se quer deixar ir por se perceber que não somos o todo que os demais possam precisar. Então, serenidade no intenso dar. Simplicidade no poder receber.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

multidão

Às vezes é assim. Há dias como o de hoje. Quase me sinto como um actor que tem a oportunidade de, desempenhando vários papeis, viver de perto outras vidas que não a sua. Isto porque, estando atento, muitas pessoas são para mim significado de muito olhar, muito ouvir, muito falar, muito de chegar a ser, por momentos, o outro em mim. De tudo se tenta encanto. Nem tudo encanta. Mas tudo tem o seu toque de Beleza.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

paco de lucia entre dos aguas original



Que condição genial a nossa de poder optar pelo bem maior. Experimentar no dentro o que chega a ser Deus. Experimentar no dentro o que somos apenas a partir de nós. Experimentar o que outros são em nós. Aquele gesto, aquele olhar, aquele ser discreto mas perto, aquela incerteza que é certa. Fico maravilhado com este "Entre dos aguas"; parece natural (e em certa medida é) mas espelha bem que para chegar a este nível de qualidade é preciso trabalhar, e muito.